A presença das mulheres engenheiras, engenheiras agrônomas e geocientistas tem crescido nas universidades e no mercado de trabalho de todo o País. Os números do último Censo da Educação Superior do Ministério da Educação (2018) demonstram que, em algumas áreas da engenharia, as mulheres chegam até mesmo a ser maioria nas salas de aulas das universidades.
De acordo com o estudo, as mulheres já são maioria em seis cursos: Engenharia de Alimentos (62,9%), Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia (59,4%) e Engenharia Têxtil (53,6%), Engenharia Química (50,8%), Engenharia de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente (50,4%) e Engenharia Ambiental e Sanitária (50,2%). Nas demais engenharias (Civil, Mecânica e Elétrica), os homens ainda são maioria, mas a participação feminina é maior a cada apuração.
Segundo balanço do próprio Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), entre 2016 e 2018, o número de registro anual de mulheres engenheiras no Sistema cresceu 42%, o que demonstra que essas profissionais estão mais presentes também nos mercados. Para o presidente do Confea, engenheiro civil Joel Krüger, “cada dia mais é possível verificar que as mulheres têm assumido posições de lideranças em organizações dos setores públicos e privados, inclusive em cargos estratégicos para o desenvolvimento do País”.
Um dos fortes aliados dessas profissionais é o Programa Mulher do Sistema Confea/Crea, criado para “fomentar a elaboração de políticas atrativas para mulheres engenheiras, agrônomas e da área das geociências dentro das diversas entidades de classe e Conselhos Regionais, a fim de ampliar a participação feminina de forma protagonista em todas as esferas do sistema profissional”.
No Mato Grosso do Sul, engenheira lidera desenvolvimento regional.
Nos últimos anos, a engenheira civil, Maria do Carmo Avesani Lopez, tem emprestado o seu conhecimento e sua experiência às agendas que tratam da política habitacional brasileira, em especial dos programas de ampliação do acesso à moradia e da regularização fundiária. Hoje, ela é uma das gestoras públicas mais respeitadas nessa área no País. Pela terceira vez, Maria do Carmo preside a Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Públicos de Habitação e é a diretora-presidente da Agência de Habitação Popular do Mato Grosso do Sul (Agehab), onde já ocupou vários cargos públicos.
Antes de assumir a presidência da Agehab pela segunda vez em 2015, ela foi secretária de Estado do Mato Grosso do Sul, depois de trabalhar no Ministério das Cidades, em Brasília, onde foi diretora de Produção Habitacional. Mas foi na iniciativa privada que Maria do Carmo iniciou sua carreira profissional e se dedicou por anos ao setor de construção civil, chegando a ser engenheira residente em obras de vários edifícios no estado.
Com a serenidade e a experiência de quem tem uma trajetória publicamente reconhecida, ela lembra que foi estagiária de campo e começou a vida profissional no canteiro de obras. Formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em 1982, sua trajetória testemunha que nesses 39 anos de carreira profissional ela tem contribuído para a melhoria das políticas públicas nessa área.
Quando Maria do Carmo se formou, em toda a UFMS havia apenas sete mulheres no curso de Engenharia Civil, mas nem por isso ela se intimidou. Sua postura sempre foi a de buscar garantir o seu espaço ancorado em sua competência técnica: “nunca deixei que o fato de ser mulher me impedisse de assumir qualquer atividade. Se tecnicamente eu era competente, não poderia ser uma questão de gênero que iria me impedir, e acho que isso me abriu oportunidades”, disse ela.
Para Maria do Carmo, a inserção da mulher na engenharia hoje já é uma realidade: “o canteiro de obras também é lugar de mulher”. Ela acredita que a engenharia tem a ver com o perfil da mulher, que é meticulosa, observadora, detalhista e também mais perfeccionista. No seu entendimento, ainda existem barreiras no mercado de trabalho e chama atenção para a necessidade de equiparação salarial: “as mulheres engenheiras têm que ganhar a mesma coisa que os homens engenheiros e eu penso que, em geral, isso está mudando”.
Por Confea